PROJETO TAMAR
30/06/2018
Após dois dias visitando apenas indústrias, hoje será, finalmente, um dia mais interativo e divertido. Visitaremos quatro locais importantes, começando pelo o famoso Projeto Tamar que está localizado em diversos locais do Brasil, como Fernando de Noronha, Aracaju, Florianópolis, Ubatuba.
Fundado em 1980 pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), o Projeto Tamar ,por meio do investimento dos recursos humanos em busca de obter o máximo de conhecimento das tartarugas marinhas, tem a finalidade de garantir a reprodução e chegada das tartarugas filhotes ao mar, dessa forma, garantindo a proliferação das 5 espécies de tartarugas marinhas que possuímos em nosso país (Tartaruga-de-pente, Tartaruga-oliva, Tartaruga-verde, Tartaruga-cabeçuda e Tartaruga-de-couro).
Nessa visita, aprendemos a diferenciar cada espécie quando filhotes a partir do casco (visto que todas nascem pretas e aparentemente iguais), e também o ciclo de vida das tartarugas marinhas, que é algo complexo. O ciclo de vida baseia-se em: após a desova e incubação dos ovos em meio terrestre, os ovos ficam de 30-45 dias desenvolvendo-se no buraco feito e coberto pela mãe; passado o tempo necessário, os filhotes rumam direto ao oceano- porém você deve estar se perguntando “como elas sabem onde fica o oceano?”, fácil! Os filhotes seguem a luz solar (tanto de noite quanto de dia) para chegarem lá! Após a chegada no oceano, as tartaruguinhas atingem zonas de convergência de corrente, onde se encontram varias algas, ou seja, onde terá alimentos para as mais novas descendentes da espécie, assim podendo permanecer por anos ou até a vida toda, dependendo de sua espécie.
A maturidade das tartarugas chega por volta dos 20-30 anos, exceto pela Tartaruga-oliva, que chega por volta dos 11-16 anos, e então, estão prontas para reproduzir-se, porém não o ano todo! As tartarugas dão preferência aos meses mais quentes do ano, acontecendo no litoral brasileiro de setembro a março, com isso, recomeçando o ciclo de vida. Mas, por que tanta preocupação especialmente com as tartarugas dentre tantos animais marinhos? Por conta de sua grande ameaça de extinção, de mil filhotes de tartarugas que nascem apenas 1 ou 2 chegam à maturidade. E por que a ameaça é tão grande? As ações humanas vêm interferindo diretamente na qualidade e chance de vida das tartarugas marinhas, como a destruição dos habitats (geralmente praias), exploração e introdução de especies não pertencentes àquele local. Por mais que todas estejam ameaçadas de extinção, quatro, por desovarem em praias (locais mais perto dos humanos), estão em estado crítico (Tartaruga-oliva, Tartaruga-de-pente, Tartaruga-de-couro e Tartaruga-cabeçuda), a Tartaruga-verde desova apenas em ilhas oceânicas, onde a ação humana é menor. Por fim, nos explicaram a importância de protegermos as tartarugas. Sendo consideradas engenheiras do ecossistema, as tartarugas marinhas desempenham diversos papéis importantes no oceano, como a sua influência sob os corais e servirem de substrato a outras espécies, não é por nada que estão há 100 milhões de anos no globo!



PROJETO BALEIA JUBARTE
Depois da visita maravilhosa ao TAMAR, tínhamos outro projeto a visitar, tão importante quanto, o Projeto Jubarte. Sim! Estávamos animados para conhecer e saber como ajudar mais um projeto que busca a proteção de outro animalzinho maravilhoso.
Criado um pouco depois do TAMAR, o Projeto Jubarte foi fundado em 1988 para proteger a Jubarte, principalmente na região do Banco de Abrolhos. Porém, visto a importância do projeto, logo se espalhou para outros locais no litoral brasileiro.
Da mesma forma que o TAMAR, o Projeto Jubarte possuem um grande investimento em pesquisas em busca de conhecer mais a espécie, consequentemente, sabendo cada vez mais como ajudá-la a proliferar-se seguramente. Por conta da espécie ser cosmopolita (habita todos os oceanos), o projeto tem atividade nacionalmente e internacionalmente, garantindo que o ciclo de vida seja cumprido com sucesso! Explicarei como funciona o ciclo de vida para vocês: após 11-12 meses de gestação, a fêmea começa a ter contrações e a primeira parte de seu filhote começa a sair, porém, ao contrário do comum dentre mamíferos, a primeira parte a sair é a cauda. Mas por que? Pois bem, durante toda a gestação o aporte do oxigênio é levado até o filhote pelo cordão umbilical, então, quando o filhote colocar seu “rosto” para fora do corpo da mãe, precisa chegar à superfície o mais rápido possível, ou seja, mantendo o “rosto” por último ele continuará recebendo o oxigênio enquanto sua cauda sai, e, quando sair por completo, terá a cauda livre para nadar à superfície, onde inflara seus pulmões pela primeira vez! Lindo né? Logo após infla-los, o filhote nadará para a primeira amamentação, na qual a mãe permanece de forma vertical e perto da superficie, para que o filhote possa subir para respirar facilmente. Após 6-10 meses críticos para a sobrevivência do filhote, ele vai desmamar e sua mãe o ensinará técnicas e formas de capturar o seu alimento, conhecido como krill (apenas durante o verão que elas se alimentam). Com o fim do verão, a mãe fará a viagem de volta com o filhote que já está independente, porém não 100% desenvolvido, podendo fazer de 3-4 viagens longas como está até chegar à maturidade e recomeçar seu ciclo.
Mas por que esse projeto foi criado? Bom, a quantidade de indivíduos da espécie jubarte estava ameaça por conta das caças que eram legalizadas até o século XX. Após a proibição das caças, a população de baleias Jubarte vem crescendo gradualmente, porém, como nada é perfeito, outros fatores preocupantes começaram a ameaça-las novamente, como o turismo e o tráfico de embarcações.
Você deve estar se perguntando, “será que obtemos retorno desse projeto mesmo com a baleia sendo um animal predominantemente submerso?”, e a resposta é sim! Em parceria com a petrobras desde 1996, o Projeto Jubarte conseguiu conquistar um considerável aumento populacional e, em 2014, conseguiu tirar o nome da espécie da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Foi emocionante ver o progresso!


CASTELO GARCIA D'ÁVILA
Tombado em 1938, o Castelo Garcia D'Ávila é a principal atração da Mata São João.Esse, foi erguido entre 1551 e 1624 por ordem do almoxarife do primeiro governador geral do Brasil: Garcia de Sousa D'Ávila,após o desembarque de Tomé de Sousa na Bahia para fundar Salvador. Quando chegamos ao local para apreciar o único castelo construído em estilo medieval em toda a América, conseguimos entender porque o mesmo serviu de propósitos militares e residenciais por mais de 300 anos. O guia,vestido de Garcia, nos informou que isso era só uma pequena parte do território e que esse latifúndio ia,antigamente, até o Maranhão. Também, a visão privilegiada do litoral é vantajosa,pois pode-se observar o invasor há dias de distância. ( Fun Fact: foi assim que eles se protegeram dos Holandeses!).Após uma aula encantadora com o professor Lacerda-com direito da declamação de poema- subimos para ver o tão famoso solar. No caminho observamos a árvore centenária,que ainda está em crescimento, a cruz antiga e a capela restaurada 'Nossa Senhora da Conceição'. Ao olhar para o solar, consegui observar óleo de baleia nas pedras-pois era utilizado na confecção de argamassa- e estruturas arqueadas, remetendo as construções romanas.





Reserva Sapiranga
Após a grande experiência histórica, fomos para uma das atrações mais esperadas do dia, a Reserva de Sapiranga. Completamente coberta de mata atlântica, na reserva vimos diversos tipos de plantas, animais e solo, contaremos um pouco para vocês.
Antes da trilha começar, o nosso guia, com ajuda dos professores, nos falou o básico da Mata Atlântica. Mata Atlântica é o nome popular dado à floresta tropical atlântica predominante no litoral brasileiro, porém agora ocupa apenas 6% de todo o espaço que já ocupou. Por conta de sua grande variedade climática e de relevo, os conjuntos florestais que a formam são vastos, dessa forma, tendo uma enorme diversidade de plantas e animais.
Começando pelo clima, os climas predominantes na Mata Atlântica são de quentes e úmidos a frios, caracterizados pelas elevadas temperaturas, elevada luminosidade, elevada umidade e intensa precipitação.
Quanto à floresta (consequência do clima), dividirei ela, por ter uma extrema variedade florística, em dois estratos: superior, inferior e herbáceo. O superior é composto por árvores geralmente finas, altas e “fechadas” (não permitem tanta passagem da luz solar para dentro da floresta), como por exemplo, as leguminosas. No estrato inferior, encontramos plantas arbustivas/menores que não necessitam de tanta luz solar, já que vivem na sombra das demais, como jabuticabeiras e begônias. Por fim, o estrato herbáceo é repleto de ervas, gramíneas, musgos... PRINCIPALMENTE MUSGOS! Por ser um bioma incrivelmente úmido, os musgos são a parte herbácea predominante, o que pode explicar a riqueza do solo em matéria orgânica. Ademais, a floresta abriga diversas espécies endêmicas, como o Pinheiro-do-paraná e o Pau-brasil.
Porem, dentre tantas espécies diferentes, nosso guia nos alertou sobre as 3 mais importante da região: a Bromélia, a Orelha-de-burro e a Peroba.
A Bromélia é uma planta que tem aparência inofensiva, porém nela se forma uma grande cadeia alimentar perigosa. Após chover, as folhas das Bromélias retém água parada em sua base, atraindo diversos mosquitos para o local (podendo ser nocivos ou não), mas não para por aí, com a atração dos mosquitos, os seus predadores aparecerão, como sapos, escorpiões, e isso se seguirá, podendo chegar ao ponto de atrair cobras! Então Bromélias não são adequadas para se criar em casas/locais fechados muito vivenciados.
A Orelha-de-burro é uma planta medicinal que ajuda a acelerar o processo de regeneração das células afetadas após seu corpo sofrer uma forte lesão. Por ter folhas enormes, elas são aquecidas em água fervente e depois enroladas no local que o hematoma está localizado, sendo recomendável a utilização por 3 dias seguidos.
Por fim, Peroba é uma árvore de tronco ereto e copa estreita que pode chegar até 30 metros. Muito comum e explorado na marcenaria, a Peroba é uma árvore que disponibiliza Madeira na cor rosa sendo muito utilizada para construção de embarcações marítimas.
Porém não são apenas as plantas que habitam esse vasto bioma! Com essa enorme fauna, a biodiversidade da floresta é inimaginável (incluindo onça-pintada, papagaio, anta, coruja, entre outros) porém perigosa. Mas por que perigosa? Pois a maioria das espécies brasileiras em extinção se encontram na mata Atlântica (inclusive as endêmicas).
E, mesmo depois de tanto te falar informações sobre esse local, ainda tenho mais uma coisa! Nesta reserva, podemos observar um exemplo perfeito de limnociclo de aguas lenticas (dormentes), irei explicar melhor.
Limnociclo é como chamamos o biociclo de água doce, e de aguas lenticas são aqueles que tem a água aparentemente paradas, podendo ir de uma poça d’água até grandes lagos. Em especial o limnociclo que vimos, era um lago enorme que abrigava diversas espécies de peixes e algumas tartarugas. Ficamos apenas na margem do lago, então infelizmente não pudemos ver a diversidade das espécies no total, porém, a partir do tanto de informações que temos sobre o bioma, sabemos que são muitas como moluscos, garças, ariranhas, lontras, bactérias e fungos que decompõem a matéria orgânica dos bichos aquáticos mortos no fundo do lago.
E, como já citadas antes, a extinção e devastação na floresta são intensas até nos dias de hoje. A história econômica humana no Brasil explica isso, já que em cada ciclo econômico (café, ouro..) uma parte da Mata Atlântica e de seus hospedeiros desapareciam.

